quarta-feira, fevereiro 28, 2007

ah, pois é

"O mundo é um livro, e quem fica sentado em casa lê somente uma página".
Santo Agostinho (354 d.C. - 430)

desenganem-se


"Do not try to live for ever. You will not succeed."
George Bernard Shaw, "The Doctor's Dilemma" (1911)

terça-feira, fevereiro 27, 2007

o 'monstro' dos pendentes

Numa cerimónia recheada de pompa, veio ontem o Senhor Ministro Alberto Costa garantir que o número de processos pendentes reduziu em 0,4% - ou seja, menos 6675 casos em fila de espera nos tribunais -, valor este que José Sócrates considerou "absolutamente extraordinário", considerando- o como a "primeira vitória sobre o monstro". (dois anos depois)

É preciso mostrar trabalho e esta é uma forma de responder às acusações que têm surgido na última semana, de todas as frentes, e que insistem que este Governo, para quem prometeu 150 mil postos de trabalho, pouco tem feito para reduzir o desemprego.

imperdível

"Por favor desculpe a minha mulher. Ela pode não ser muito bonita, não ter muito dinheiro, não ter qualquer espécie de talento e ser chata e estúpida, mas por outro lado ela... perdão, não consigo lembrar-me de mais nada".

É com esta deixa de John Cleese, dos Monty Python, que Jorge Fiel inicia a sua crónica no OJE (...de hoje), para caracterizar a credibilidade (ou falta dela) do projecto do governo socialista para o novo Aeroporto de Lisboa, na Ota.

Um artigo, definitivamente, a não perder.

sexta-feira, fevereiro 23, 2007

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

há ondas


O surfer australiano Paul Patterson desliza perto de Margaret River, no oeste da Austrália.

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

'rookies' no euro


Foto: www.ljnovice.com

Já foi há mais de um mês que o país mais desenvolvido da antiga Jugoslávia entrou na zona Euro. Contudo, deste lado da Europa ainda não foram vistos exemplares de moeda eslovena.
Aqui fica, portanto, a reprodução das diferentes moedas de Euro cunhadas naquele Estado-membro, que aderiu à UE em 2004 e que foi conhecido como a Suíça da Jugoslávia.

terça-feira, fevereiro 13, 2007

doces banhos


Ora aqui está uma doce e carinhosa estalada, dada por uma jovem japonesa ao seu namorado, com quem decidiu partilhar um banho de chocolate, num SPA da cidade de Hakone, a oeste de Tokyo. É o resultado das mais recentes teorias zen, que promovem a propagação pelo mundo inteiro de banhos à base de tudo e mais alguma coisa - desde o vinho (em Itália) ao chocolate, do qual este caso japonês é um excelente exemplo.
Dizem que é saudável...

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

hoje já é amanhã

Acabou a campanha, acabou finalmente a discussão de manhã à noite, acabou finalmente a berraria até à exaustão... pelo menos enquanto o projecto de lei não sair da forja...
Felizmente que a noite de ontem também chegou ao fim com tranquilidade (ao bom estilo de Paulo Bento), fora alguns comentários de mau gosto e aproveitamentos vindos da esquerda, que se quis conotar, desde o início, com o SIM - e talvez o tenha conseguido.
E no fim, foi tudo para casa. Em paz.

despenalizar?
Tentou distinguir-se despenalização de liberalização. O SIM falava em despenalizar, enquanto o NÃO dizia que não queria liberalizar. E foi uma discussão intensa...
Ora, despenalizar é não punir alguém por cometer um crime, mas o crime existe e existe a condenação. Liberalizar é deixar ao livre-arbítrio de alguém agir de uma determinada conduta, ainda que haja limites. Assim, o que os portugueses votaram foi, juridicamente, uma liberalização. Agora, o senso comum pode chamar-lhe o que quiser...
Eu votei SIM, com dúvidas (como certamente a maioria dos eleitores), mas votei SIM, por que não entendo que possa haver uma condenação sem pena - uma mera condenação social - e isso sim era uma despenalização. A partir de agora, o aborto vai ser livre, até às 10 semanas de gestação.
Dúvida: a partir das 10 semanas e 1 milésimo de segundo, deve a mulher ser condenada e punida? Deve! Se há um limite, se há normas que prevêm penas, o direito deve funcionar. Aceitámos a interrupção voluntária da gravidez, mas deverão manter-se os limites. Não podemos aceitar que, daqui a poucos anos, se referende o aumento do limite para as 16, 20, 30, 40 semanas, até ao último dia antes do nascimento. O bom senso tem de ter limites.
Mas os juízes existem exactamente para realizar um exercício de ponderação. Se assim não fosse, os tribunais eram máquinas que subsumiam os casos concretos na factispecies legal e aplicavam a pena devida.

os partidos
Por mais uma vez, há que recordar que a vitória do SIM ou do NÃO nunca seria (ou não deveria ser) a vitória da esquerda ou da direita, mas sim a vitória de uma moral ou de outra, a vitória de uma perspectiva cívica sobre outra. Porque o referendo sobre o aborto, na sua génese, não incide sobre um problema político, mas sobre uma opção moral, sobre uma situação concreta socio-circunstancial.
Os partidos que se aproveitaram do SIM ou do NÃO, mais não fizeram do que confundir a politiquice com uma concepção moral de cada um. E tenho a certeza que perspectiva moral de muita gente que votou SIM é bem avessa à opção de abortar, mas aceita que alguém o faça por uma razão que, em princípio, será ponderada. O que não significa que não haja quem o decida fazer, de cabeça quente. Isso será um facto com o qual teremos de nos habituar a viver. E por mais difícil, desumano e cruel que nos possa parecer, foi essa a decisão popular.
Se alguém disse ontem e se alguém disser hoje ou amanhã que foi uma vitória da esquerda e uma derrota da direita, está redondamente enganado. Engana os outros e engana-se a si próprio. Embora pareça, ontem houve um referendo e não um acto eleitoral. A regionalização também perdeu em 1998, mas Guterres ganhou em 1999.
Todavia, apesar da esperada moderação, Marques Mendes demonstrou no seu discurso um pouco de desolação, o que prejudicou a imagem 'independente' do partido. Isto porque o PSD foi o único partido parlamentar a não confundir aborto com política. E bem.
Deste modo, não partilho da opinião daqueles que sustentam que a direita se está a afastar do Portugal moderno. Não. Não e não. A direita tem o seu lugar, na defesa da cultura, dos valores e dos princípios tradicionais do país. No entanto, num referendo como este, deveria actuar nos movimentos adequados e não nos partidos, em que menos gente acredita.
[Não é em vão que, em Itália, já não há partidos a ganhar eleições, pois adoptaram o nome de 'movimentos'.]

então e a abstenção?
Devido ao elevado nível de abstenção, o resultado do referendo não é juridicamente vinculativo. Contudo o Governo já tinha assumido um compromisso com os portugueses. Ao prever que a abstenção seria alta (porque os portugueses já não têm paciência para eleições), José Sócrates prometeu que iria respeitar o resultado do referendo, com ou sem abstenção. E quanto a este ponto, temos de ser sérios: se houve partidários do NÃO que não foram votar, foi porque tinham dúvidas, assim como os terá também havido do lado do SIM. Portanto, todos já esperavam qual seria a posição do Governo. Não houve frustração das expectativas. A maioria parlamentar respeitará a decisão da maioria dos votos expressos. Assim foi em 1998, assim será em 2007.

por cada aborto, um subsídio para quem tem filhos
Foi a proposta dos movimentos do NÃO. E assim como, em 1998, a ministra Maria de Belém propôs que os movimentos do NÃO colaborassem no planeamento familiar, agora é o NÃO que vem, com toda a razão e legitimidade, exigir, a par de uma política de apoio à prevenção, medidas de incentivo à natalidade, porque, além de Portugal estar a perder cada vez mais jovens, prevê-se que os casos de aborto provocado aumentem, como na maioria dos países que descriminalizaram a IVG.

hoje já é amanhã
Tínhamos já dito [6 de Fevereiro] que Portugal estava a atravessar uma 'pausa para café', que tinha parado umas semanas para discutir um único assunto e que na segunda-feira seguinte voltaria tudo ao mesmo. E quem viu o cartoon de Bandeira, hoje no Diário de Notícias, não pode estar mais de acordo com a figura que ali é caracterizada - uma senhora que já está farta de 'sins' e 'nãos' e que quer voltar aos 'pode ser', 'quem sabe' e 'talvez'.
Porque, antes do referendo, éramos realmente, e com prazer, o pacato país do 'talvez', a serena nação do 'mais ou menos'. Hoje voltámos a sê-lo, graças a Deus.

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

e vamos lá votar...

(Cast)
It's time to play the music
It's time to light the lights
It's time to meet the Muppets
On the Muppet Show tonight


It's time to put on makeup
It's time to dress up right
It's time to raise the curtain
On the Muppet Show tonight


(Statler & Waldorf)

Why do we always come here
I guess we'll never know
It's quite a kind of torture
To have to watch this show

(Cast)

And now let's things started
Why don't we get things started
It's time to get things started
On the most sensational, inspirational, celebrational, Muppetational
This is what we call the Muppet Show !!!


[Gonzo strikes a gong]

autopsicografia

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

Fernando Pessoa/Bernardo Soares (1931)

quinta-feira, fevereiro 08, 2007

73 na mesma onda


Foto: surfcore.co.uk

A África do Sul bateu, no dia 17 de Setembro de 2006, o Guiness World Record de mais surfistas em cima da mesma onda. A comunidade de Cape Peninsula, junto à Cidade do Cabo, conseguiu concretizar o inimaginável feito de juntar 73 intrépidos praticantes na mesma onda, durante cinco segundos, em Muizenberg Corner.

Neste acontecimento participaram 349 wave-riders, que após muitas remadas, antes de ultrapassar a fasquia dos 70, atingiram os não menos surpreendentes números 64, 68 e 69, também por cinco segundos. Ou seja, mesmo que os 73 não valessem, o record seria batido de qualquer maneira, visto que o último most-surfers-standing-on-one-wave-world-record não ultrapassou os 44 surfistas, em Maio passado, na Irlanda.

É pena que as nossas praias sejam demasiado pequenas, senão, depois do maior bolo rei, a maior feijoada, o maior clube do mundo (e por aí fora...), cá estaria mais uma excelente ideia para um record à portuguesa.

a ver (ou rever)


Foto: www.cduniverse.com

Numa das minhas deambulações pela "fnac", descobri o filme de 1990 com que o realizador Whit Stillman se estreou e que dá pelo nome de "Metropolitan".

No decorrer da trama, recordei as primeiras longas-metragens de Woody Allen, quando escrevia e filmava no seu melhor, à volta de satíricos diálogos psicóticos. É aliás inacreditável como, de uma história nada complicada, Stillman consegui criar momentos de humor fantásticos e pensamentos filosóficos simples que dão realmente que pensar.

O argumento é simples. Conta-nos as férias de Natal de alguns jovens da aristocracia de Upper East Side de Nova Iorque, com os seus bailes de debutantes e encontros after-parties. Surge Tom, um outsider com ideias socialistas e filho de pais divorciados, que vai gerar a discórdia dentro do grupo.

De salientar a actuação Chris Eigeman (Nick), com os seus mordazes comentários, e a excelente Carolyn Farina (Audrey), apaixonada pelo protagonista Edward Clements (Tom), actor cuja performance deixa um pouco a desejar. Sem esquecer as fantásticas teorizações de Taylor Nichols (Charlie), ao estilo Woody Allen, sobre a so called "Urban Haute Bourgeoisie".

É um filme a que vale a pena assistir com atenção, especialmente porque está à venda sem legendas em idioma algum - nem mesmo em Inglês.

prioridades...


Foto: uk.news.yahoo.com

O presidente chinês Hu Jintao, que não recebeu o nosso primeiro-ministro José Sócrates na semana passada e mandou um vice-ministro fazê-lo, inicia hoje, na primeira pessoa, uma visita de dois dias a Moçambique, depois da entrada oficial daquele país africano de língua portuguesa na rota do turismo chinês. São as prioridades na política chinesa...

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

neve em nova iorque


Foto: www.reuters.com

Enquanto chove em Lisboa, do outro lado do Atlântico, os novaiorquinos passeiam-se debaixo da neve que cobre de branco a maior cidade dos Estados Unidos. Na imagem, um homem caminha com os seus cães em pleno Central Park.

il mondo di D'Annunzio

"Il mondo è la rappresentazione della sensibilità e del pensiero di pochi uomini superiori."
Gabrielle D'Annunzio, "Le vergini delle rocce"

slide & puff

A Tate Modern de Londres convida os seus visitantes a testar, gratuitamente, os escorregas do artista Carsten Höller, na Rutscheninstallation montada na Turbine Hall daquele museu.

A fila para os bilhetes "à borla" é longa, mas a emoção da experiência compensa o tempo de espera.

A descida mais interessante é, sem dúvida, a do escorrega que liga o quinto andar ao piso térreo, em que, numa viagem de cerca de oito segundos, o visitante acaba por aterrar num confortável colchão.

Mais curta mas não menos divertida é a descida do terceiro andar.

Há quem diga que a Tate se rendeu ao populismo de trocar a cultura pelo lazer. Críticas à parte, não deixa de ser uma ideia bem interessante de atrair visitantes para as demais exposições.

Para críticas e informação adicional: http://www.timeout.com/london/kids/events/311021/carsten_holler_slides.html

terça-feira, fevereiro 06, 2007

pelo buraco


Foto: www.ansa.it

Um agente da polícia do Estado mostra o furo feito por um grupo de assaltantes, que entraram numa agência do banco Monte dei Paschi di Siena, em Nápoles. Apesar da originalidade da ideia - o buraco foi feito na parede de um antigo cinema contíguo à filal do banco -, os ladrões não conseguiram levar mais do que 60 mil euros.

Os salteadores são já conhecidos como banda del buco (bando do buraco). Porque será?

uma pausa para café

Devo admitir que me agradou o artigo de Miguel Sousa Tavares sobre a já quase esquecida polémica do novo aeroporto da Ota. A verdade é que, com as discussões, aqui e ali, divididas entre o aborto e a IVG ou entre a liberalização e a despenalização, ninguém chega a acordo e prevê-se que o bate-boca só termine no próximo Domingo.

Na perspectiva do Governo, não poderia o referendo ter vindo em melhor altura, num momento em que se começavam a intensificar as greves e as manifestações. Desta forma, por algumas semanas, só se tem falado em aborto, feto, mulher, vida e escolha. Há que, por isso, dizer que o referendo resultou. Num país onde tudo estava mal, afinal - pelo menos por enquanto - o que está mesmo mal é o Código Penal.

Mas então e as portagens nas SCUT, a subida do imposto sobre os combustíveis, as taxas moderadoras na saúde, a decisão de taxar também os cidadãos com deficiências e as pensões dos idosos...? Então e a Ota? Já não valerá a pena discutir estes temas? Será que todos se esqueceram dos problemas de Portugal? Já quase até nem se ouve falar na Câmara de Lisboa...

O país fez, nestas semanas, uma espécie de coffee-break, que dá para descansar das questões essenciais, mas que lança a exaltação e o nervosismo entre os intervenientes.

Portugal vive 24 sobre 24 horas a pensar no aborto, para no dia 11 votar SIM ou NÃO, num supremo exercício de um direito político que é também um dever cívico, adormecer depois do anúncio dos resultados e da festa dos vencedores e, na seguda-feira, aperceber-se que afinal tudo continua triste e soturno.

Sinceramente, esta campanha recorda-me os dias do Euro 2004 e do Mundial 2006, em que os portugueses viviam emocionados, a pensar na final. No desfecho, voltaram todos a viver cabisbaixos e mal-dispostos.

Em suma, preparem-se, pois no dia 12 volta tudo ao mesmo.

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

absolutely!!!

"The world is a stage, but the play is badly cast."
Oscar Wilde, "Lord Arthur Savile's Crime"

from China with love...


Foto: www.sic.sapo.pt

Era uma viagem que poderia ter assumido alguma importância estratégica na política económica nacional. No entanto, ainda antes de José Sócrates entrar no avião, já a China tinha anunciado a ausência do seu presidente Hu Jintao na recepção ao chefe de governo português. Na verdade, à chegada, José Sócrates teve de se contentar com o sorriso de um mero vice-ministro dos Negócios Estrangeiros.

E como se não bastasse a polémica prévia à viagem, a própria expedição a terras do oriente demonstrou, mais uma vez, que o ministro da Economia Manuel Pinho até pode ser um óptimo governante, mas só quando nada diz. Desde a ideia de copiar o slogan "Espanha marca" para "Portugal marca" - só porque tinha funcionado no país aqui do lado - aos orgulhosos elogios sobre os baixos salários portugueses...

Bastaria somente ter dito que Portugal tinha baixos custos de produção. O resto [os salários] deduzir-se-ia facilmente. Não valia a pena especificar. E pior: depois das críticas às suas infelizes declarações, não tentou redimir-se. Mesmo estando longe, não poupou palavras de 'carinho' aos sindicatos e à oposição, acusando-os de má fé política.

Nestas condições, em vez de ser Sócrates a brilhar, foi Pinho que o ofuscou, porém no mau sentido. E nem as explicações do chefe de governo ou mesmo as imagens do jogging matinal serviram para que a viagem de regresso fosse mais tranquila.

Contudo, a actual maioria rosa já demonstrou, por várias vezes, ser especialista em limpar as habituais 'calinadas' de um ou outro ministro com um pouco de propaganda - qual 'tira-nódoas'. E tudo me faz crer que a vitória do SIM no referendo de 11 de Fevereiro será aproveitada por José Sócrates como mais um triunfo do PS - o que seria a jogada mais suja da História política portuguesa.

Para bem da seriedade do Governo e da democracia, espero estar enganado.

quinta-feira, fevereiro 01, 2007

o perdão


Foto: www.prolococeriale.it

Há alguns dias, o cónego Tarcísio Alves, pároco de Castelo de Vide, garantiu ao Diário de Notícias que "Os cristãos que vão votar 'sim' no referendo serão alvo de excomunhão automática, a mais pesada das censuras eclesiásticas". O título do artigo do Diário de Notícias de 19 de Janeiro era mesmo "Quem votar 'sim' fica sem funeral religioso".

Ora, parece que atingimos o ponto máximo do fundamentalismo religioso medieval. Grave seria uma mulher votar SIM e dizer ao padre que tinha votado NÃO, para não ser excomungada.

No entanto, hoje, em conversa à TSF, o Padre Feytor Pinto deixou bem clara a sua posição no que toca à mulher que aborta. Apesar de ser um defensor do NÃO no referendo de dia 11, Feytor Pinto esclareceu que o Catolicismo é uma religião fundada no perdão e, como tal, perdoa os pecados dos seus seguidores. Quando um crente se confessa, ele fá-lo exactamente para conseguir o perdão. E se Cristo perdoou, também os padres devem perdoar.

Assim, por maioria de razão, quem perdoa uma mulher que interrompe a sua gravidez não pode recriminar (maxime excomungar) um católico que vote SIM no referendo. No mínimo, deve perdoá-lo.

E quanto às infelizes declarações de Tarcísio Alves... Que Deus o perdoe.

extraordinário!!!

O aborto ilegal é um negócio que produz dinheiro sujo, que não é tributado.
Maria José Morgado (à TSF, em 17 de Janeiro de 2007)

Esta magnífica reflexão só pode ter surgido de uma conversa com o Prof. Saldanha Sanches. Ou seja, a grande preocupação de Maria José Morgado é com o dinheiro em impostos que o nosso monstruoso Estado perde com os abortos clandestinos.

Mas afinal o problema não são as condições em que são efectuados os abortos clandestinos e as sequelas que podem deixar nas mulheres que interrompem a gravidez, sem apoio especializado? Não. Para Morgado, o problema é a fuga aos impostos das "clínicas" clandestinas.

Foi o argumento mais extraordinário que se ouviu até hoje!