quarta-feira, julho 26, 2006

o ingrato fado de se ser libanês


Fonte: www.deanesmay.com

O Líbano tem sofrido, nas últimas décadas, as externalidades de um conflito que não é o seu. O pacífico povo, de maioria cristã, que habita entre as margens do Mediterrâneo e as montanhas foi, com o passar dos anos, recebendo os refugiados palestinianos e tem acolhido os seus vizinhos no sul do seu território.

Ali se instalou o Hezbollah, que tem hoje como líder e seu militante mais influente Hasan Nasrallah, e que se tornou num dos mais problemáticos movimentos de resistência islâmica na região, além de um partido nacionalista (“Partido de Deus”, em Árabe).

Com mais um conflito armado, a população civil libanesa tem sofrido, nos últimos dias, ataques por parte das forças israelitas, o que parece não resolver o problema principal, que será evidentemente a neutralização do Hezbollah e dos seus recursos bélicos.

A solução apenas poderá passar pela intervenção de uma força internacional, com o aval das Nações Unidas. A entrada de Israel, sem apoio internacional, em território libanês não será mais do que uma incursão como todas as outras anteriores, que hipotecará durante mais anos a independência da democracia libanesa.

Estranha-se a falta de assunção de uma posição por parte do Primeiro Ministro libanês, Fuad Saniora, mas muitos têm considerado, mesmo antes do início do conflito, que a eventual mobilização do exército libanês para combater o Hezbollah seria demasiadamente frágil, o que poderia fracturar profundamente o país, até porque o Hezbollah integra a aliança que sustenta o Governo.

O jornal italiano Corriere della Sera veio, na passada terça-feira, 18 de Julho, apresentar uma entrevista com Fuad Saniora em que este se manifestava claramente contra o movimento xiita, sustentando que o Hezbollah havia criado “um estado dentro de um estado” e que o mundo inteiro deveria ajudar o Líbano a desarmar o Hezbollah – palavras que o gabinete de Saniora se apressou a desmentir, insistindo que “é a continuada presença de Israel na região de Cheeba Farms que contribui para a presença do armamento do Hezbollah”.

Enquanto o mundo espera desenvolvimentos na situação, é a população libanesa que aguarda ajuda internacional, na ingrata posição de continuar a sofrer as consequências de uma guerra que não é sua.

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