quarta-feira, agosto 02, 2006

uma nova neutralidade


Fonte: www.nzz.ch

Depois de, em Julho, ter já criticado a operação israelita em Gaza, a Suíça voltou hoje novamente à carga, agora através da sua Ministra dos Negócios Estrangeiros, Micheline Calmy-Rey, que, na comemoração dos 715 anos da Carta Federal de 1291, proferiu a polémica frase "Celui qui se tait n'est pas neutre".

Apesar da sua tradicional neutralidade, como depositária das Convenções de Genebra, a Confederação Helvética tem começado a sentir necessidade de assegurar o respeito pelo direito internacional humanitário, preparando-se para marcar a sua posição, no sentido de fazer respeitar o direito.

No entanto, a neutralidade configura-se como um dever de se abster de participar em todas as hostilidades entre Estados, excepto se o próprio Estado neutro for vítima de agressão. A neutralidade clássica inspira imparcialidade, tolerância e prevenção.

Ora, face à situação actual no Médio Oriente, no seio da opinião pública suíça têm-se gerado divergências acerca do próprio conceito de neutralidade. Divergências essas que são suficientemente fortes para criar cisões no governo da Confederação.

De acordo com Micheline Calmy-Rey, Berna pode mostrar a sua posição sem comprometer os valores fundamentais do estatuto de neutralidade e, ao entrar na discussão sobre o direito humanitário no conflito israelo-libanês, agirá "no pleno respeito pela sua tradição e pelas suas convicções profundas". Mais adiantou a conselheira federal que "quem não se insurge contra o terror não é neutro, consente. O que, neste contexto, significa tomar partido".

O debate não fica por aqui e certamente que, nos próximos dias, continuará a controvérsia sobre o significado da velha neutralidade helvética.

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