quinta-feira, agosto 17, 2006

vítima da História


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O mundo literário está em pânico desde que o alemão Günter Grass revelou, numa entrevista à edição de 12 de Agosto do jornal Frankfurter Allgemeine, que integrou as fileiras das Waffen SS no final da Segunda Guerra Mundial.

O escritor Prémio Nobel da Literatura, que sempre foi associado a posições de esquerda e grande amigo do ex-chanceler social-democrata alemão Willy Brandt, defende-se, salientando que no desfecho da guerra, as Waffen SS "não integravam apenas voluntários".

Em declarações ao jornal Bild, o ex-presidente polaco Lech Walesa veio aconselhar Grass a renunciar ao título de cidadão honorário da cidade de Gdansk, antiga Dantzig. E o crítico literário Hellmuth Karasek admite mesmo que Grass poderia não ter recebido o Prémio Nobel da Literatura em 1999 se o mundo tivesse sabido antes que o escritor havia integrado as Waffen SS.

No entanto, há quem tenha manifestado respeito pela decisão de Günter Grass em revelar a verdade, como o escritor Martin Walser.

A figura capital dos últimos 50 anos da literatua alemã faz a revelação no seu novo livro Beim Haeuten der Zwiebel (algo como Ao Descascar a Cebola), que se assume como uma autobiografia e será lançado em Setembro.

A Fundação Nobel rejeita a hipótese de retirar o Prémio Nobel a Günter Grass. O presidente da Fundação afirmou ao jornal Dagens Nyheter que "a concessão do prémio é definitiva" e "nunca um prémio foi retirado". O mesmo tipo de pressão já aconteceu anteriormente nos casos da concessão do Nobel da Paz, em 1994, ao presidente da OLP, Yasser Arafat, e a Shimon Peres e Yitzhak Rabin.

O caso de Grass configura-se como muito menos contestável do que o destes últimos, visto o Prémio Nobel da Literatura, ao contrário do da Paz, incidir principalmente sobre a qualidade da obra de um escritor e não sobre os seus antepassados ou convicções políticas.

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