quinta-feira, maio 17, 2007

para quê tanto militante...?



Qualquer militante de um partido que escrevesse uma carta ao seu líder mereceria uma resposta, ainda que fosse uma "carta-standard" daquelas que já nos habituámos a receber quando ninguém quer saber de nós.

Ora, qualquer pessoa honrada, perante a carência de resposta à dita missiva, o melhor que teria a fazer seria desfiliar-se, pois este acto de ignorar um militante não é apenas falta de respeito ou educação. É mesmo falta de carácter.

Daí que Helena Roseta tenha toda a razão ao ter entregue o seu cartão de militante e apresentar-se a Lisboa como candidata independente.

E Sócrates, que não poderia escolher João Soares (que continuou até ao último milésimo de segundo a oferecer-se para abandonar Sintra e abraçar Lisboa), escolheu António Costa, o seu braço direito no Governo, e foi roubar um juiz ao Tribunal Constitucional - Rui Pereira - para substituir aquele.

Do outro lado, mais à direita, o outro líder decide-se por optar para Lisboa por um presidente de uma Câmara que tem sido um importante bastião do PSD. A resposta de Seara foi clara. Ninguém no seu perfeito juízo abandona uma Câmara onde sabe que voltará a ganhar, para se candidatar a Lisboa, como perdedor antecipado, e depois regressar a Sintra, numa brincadeira ao bom estilo de Soares (o júnior).

Mas Seara não é Soares (Jr.). Por isso, Marques Mendes voltou-se para o Eng. Ferreira do Amaral, que já perdera em 1997 contra o actual vereador socialista de Sintra, quando este era presidente em Lisboa...

Parece complicado? E repetitivo? Mas ainda há mais. Porque o Engenheiro (este, inscrito na Ordem e já habituado a perder em Lisboa) também não aceitou o convite, para espanto da Nação.

Contudo, continuava Mendes a teimar que não tinha ainda convidado alguém.

No fim de contas, Mendes acabou por ir buscar Fernando Negrão a Setúbal, porque o ex-director da PJ havia conseguido em 2005 um resultado histórico naquela Câmara (2.º lugar). Talvez esta escolha para Lisboa seja exactamente para tentar segurar um 2.º lugar, que é o melhor e único resultado que Mendes já percebeu que poderá almejar, na capital.

Ou seja, o PSD de Marques Mendes está em pior situação que Benfica e Sporting na Liga 2006/2007.

Feitas as contas, tanto PS e PSD somente conseguem desencantar candidatos ou putativos candidatos que integram já outros órgãos (Costa no Governo, Soares em Sintra, Seara em Sintra, Negrão em Setúbal, ou mesmo Ferreira do Amaral que seria um repetente em Lisboa).

Sinceramente, para quê ter tanto militante nos partidos? Para quê tantos militantes, se os escolhidos são sempre os mesmos e são estes mesmos os que são sempre chamados para "apagar" todo e qualquer fogo?

Mais uma vez, os partidos, que rejeitam a democraticidade interna e em que só mandam os líderes (ou quem está por detrás deles), dão mostras de que o nosso sistema político caminha a passos largos para o fim, na demanda da Quarta República, da terra do Preste João, ou talvez mesmo do Armagedão...

Admirem-se quando, pelo país inteiro, começarem as candidaturas independentes a crescer como cogumelos! E a ganhar eleições!!!

1 comentário:

Anónimo disse...

Análise fantástica da situação!

Gostei! :)